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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ontem




Ontem passei à tua porta.
Eram 23 horas e 12 minutos.
Pensei bater.
Não…
É melhor não.
“Já não me conhece”.
É que o tempo evapora as imagens
Que rugem dentro de nós.
Hesitei…
A vontade de te ver
Fervilhou dentro de mim.
Saí do carro,
Acendi um cigarro e fui á tua porta.
Fiquei o tempo que um cigarro leva a fumar.
Instintivamente
Relembrei o dia em que me deixaste sair
Sem quereres que eu saísse.
Revisitei os teus olhos de amêndoa torrada.
Naquela noite.
As súplicas de mais um momento moravam neles,
Mas a tua boca mantinha-se silenciosa…
Relembrei que fui rio no teu leito
E que navegaste em mim
Como um suspiro
Se desprende da garganta…
Selvática!

Ontem passei à tua porta.
Eram 23 horas e 12 minutos.
Fiquei o tempo que um cigarro leva a fumar.
Perdi-me numa eternidade de lamentos.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Tentas-me



Tento-te ao invés de te tentar convencer
A deitares-te sobre o meu corpo
Há um intemporal mundo onde abarco
Um tempo só nosso

Seria eu só uma boca aberta
A beber-te todos os sorrisos
De um mundo feito de abraços
Serias tu a mudança
A despertar este meu cansaço

Arrebatas-me com teu jeito de guru
Envolta em silhueta redescoberta
Tentas-me… tentas-me…
A percorrer-te perdido
Teu corpo alvo de cetim cru
Num percurso vagaroso…
Sorrido…

Tentas…

Sim, tento ser um só caminho a descoberto
Para seguir-te
E logo após deixar-te
E na volta
Voltar atrás no tempo

Não quero ser quimera
De um mundo sumido na força dos ventos
E tu Primavera que se saciou em tempos outros
Em amor grado e profundo, nos meus braços

É esta a força presente no meu corpo
Que se estende e se abate sobre ti
Sempre que quiseres estar em mim

Tentas-me… tentas-me…
Sabes que me reviro e me perco
Quando te reencontro
Num a-deus longo, fingido…

Sabes que sou teu, mesmo quando não sou
Estou… mesmo quando não estou
Sou Deus-demónio, fluorescência divina…
Tens-me…
Quando me dou à tua boca celeste
Tens-me…
Nas noites de sonhos meus…
Nas valsas fantásticas que dançamos
Tens-me…

Tenho-te em noites minhas onde moram os sonhos teus
Sou a força de um adeus ou de um Deus
Que respira por todos os poros da minha pele
E agora nesta dúvida persistente
Já nem sei se me apresente a ele
Ou se me abandone ao único chão que me sustenta

Sou assim uma ilusão que se quebrou
Uma ficção que se inventou no nada

Não, não és!
És real no Infinito do Mundo…
E eu sou em ti, profundo!


Dueto com Matilde D'ônix, na participação no concurso de poesia, alusivo ao Dia dos Namorados, aqui:http://www.worldartfriends.com/

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A saudade da loucura


Quanta saudade!

Quanta saudade!
De em ti, derramar…
Minha semente fascinante…
Quanta saudade!
De me ser em ti…
Sentir a mão que te percorre…
O corpo…
Dedilhando-te viva!
E eu… de desejo… indecente…

Quanto desejo!

Quanto desejo…
De me ter em ti… assim…
Num misto de dor e ternuras…
E em selvagem desvario…
Sermos o Universo…
Num Mundo de aventuras!

Ah rosa cálida de mim…
Quanta saudade!

Murmúrios da Saudade


Murmúrios...
O som da tua voz.
Lançado no fundo do tempo...

O teu som abafado, não sai...
E as saudades...
Sei o que são!

São um rio navegando para a foz.
É o sol em rota incerta,
Volteando sobre si…
Ou são apenas um grito que se vai...
...ecoando-se na parede e cair de pé?

Murmúrios de ti...
São lembranças do passado, são!
São memórias perdidas…
Que ecoam nas barreiras da razão...

Mais, mais e cada vez mais...
As saudades de ti...
Persistem...
Subsistem...

Mais, mais e cada vez mais...
Tanto mais, que já nem sei revelar...
O que é esta dor que existe no peito...
O que são as tonturas quando me deito...
O que é esta vontade de partir... e não voltar...
O que é este sentimento augusto...
...este estado de ser...
...este amar!

Murmúrios... são o som da tua voz.
Quente... mas distante... tão ausente...
Que ressoam dentro de mim…
Presentes em ténue cumplicidade…

Murmúrios...
Remotos...
Ah, Dor!
Ah, Saudade!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Vultos perdidos

( Desenho de Noelle Allen )

Os vultos perdidos
Projectam disforme luz
Caleidoscópio de sentidos
Que inebria e seduz
Meu corpo errante…

Arbítrio colhido num lamento
Solfejo vociferado sem perdão
Fanfarra de um só momento
E eu não…
Ouço apenas o som do desespero.

Sou a queixa de um não
Chaga em sangue arrogante
Estou exangue de mim…

Vultos perdidos numa miragem
Espectros de uma ilusão
Inerte sentido…

Ai como ressoa o silêncio!
Ai como dói a pena!