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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Ouvi o grito


De Munch


Ouvi o grito
Com um arrepio.
O último…
Bem sonoro e cheio de ti…

Ouvi o grito
Largado pela garganta tua.
Com palavras sábias
Ditas a quem querias dizer…

Ainda sinto o calafrio
Exaltado por ti…
Pelo grito dito…
Da dor interior que dizes ter…

Andamos por caminhos separados
Longe dos afectos e dos beijos
Trocamos apenas palavras
Em mensagens desgarradas
Numa telepatia de desejos…

Somos dois, tu e eu
Quando vogamos pelos mares do pensamento
Inundados pela imensidão da noite.

Somos dois, eu e tu
Vogando ao sabor
De um Amor desencontrado
Como barco sem rumo
Numa hipérbole desconexa
A cair no fundo do mar…

Somos dois, tu e eu
A ouvir o grito que soltas
A ouvir as preces que lanças
A ouvir o sussurrar do lamento
De sermos dois, eu e tu
Num desencontro sem fundamento…

Ouvi o grito
Com um arrepio…
O último…
Sonoro e cheio de ti.