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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Busco "Arte"... encontro-te!

(Imagem retirada da Net)





Busco arte... para pela arte te definir.

Já não encontro mais palavras para explicar o que sinto por ti. Não sei se é apenas uma profunda e inequívoca paixão. Se é uma loucura persistente. Ou ambas...

Sei que te amo! Sei que nutro por ti um imenso respeito. Sei que te tenho uma profícua amizade. Sei que o somatório destes sentimentos me deixam satisfeito por ter a consciência que os possuo.

Sei que fico triste quando desligo o telefone. Sei que me inunda uma grandiosa satisfação quando ouço a tua voz. Sei que choro quando a saudade aperta. Sei que sou o homem mais feliz do Mundo quando estou junto a ti.

Sei que sou carne quando me excitas. Sei que sou alma quando ma invocas. Sei que sou gente porque mo fazes sentir. Sei que sou importante porque mo dizes. Sei que sou chato porque sou! Sei que existo porque tu vives.

Sei que estou aqui porque me pediste. Sei que te escrevo estas palavras porque as sinto. Sei que te amo porque só te poderia amar!

Tu! Misto de descrença e perseverança, provocas-me tantas emoções. Complexas e por vezes ambíguas.

Tu! Sim tu, fazes-me sentir tudo! Provocas-me o frio, o choro, o pânico, o desassossego, a incerteza...

Mas tu, sim tu! Provocas-me o calor, o riso, o ânimo, a paz, a certeza...
E como fazes?
Simples. Muito simples. Existes!

Existes e tocaste-me. Deixaste-me que eu te sentisse. Deixaste que eu olhasse para dentro de ti e te lesse. Deixaste que eu partilhasse o teu ser e sentisse a tua alma. E fiquei assim cheio daquilo que diziam existir mas não conhecia...Amor!

Agora estou cheio. Cheio de sentimentos e emoções. Cheio de vida, porque tu és a minha! Cheio de Amor, porque tu és o meu! Eu sou porque tu és!
Serei sempre o que tu quiseres!


Já não encontro mais palavras para explicar o que sinto por ti, mas continuo a buscar Arte, para pela a Arte te definir...


Se nunca a encontrar não vou chorar, porque mesmo sem ela sei...

... QUE ÉS LINDA!
... QUE ÉS ÚNICA!
... QUE ÉS E SERÁS PARA SEMPRE O MEU GRANDE AMOR!!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Promessas


( Foto de Mafalda Ferreira da Costa )


Fizemos uma promessa de amor
Em tempos lavados pelo vento
E agora dessa promessa resta a dor
E os suspiros tornados num lamento

Sei que sou a causa e o efeito
Dessa promessa - agora – quebrada

Sou a espada,
Rígida no teu peito
Ignóbil
Dissimulada
Em ti cravada

Promessa… promessas… palavras

Lamento…
Oh quanto lamento, querida
As dores que sofres…
E que lavras
Neste momento de queixa sofrida

Deixo-me…

Deixa-me só, aqui
Neste ermo lugar de lembrança
Sofres de amor
(E nem sei se por mim)
Esconde a esperança!

Fizemos uma promessa de amor
Eterno, como o universo que somos
Mas amor…
Seja o que for
Somos para sempre o amor que fomos

Não sei…
Das palavras proferidas de paixão
Dos lances de olhares perdidos de razão
Mas aqueles ditongos impregnados de cor
Perpetuam-se em mim, agora – no coração

Ah, as promessas…
Ah, as recusas do amor…
Um mundo às avessas
Num rodopio de dor…
Escuto-as…
Escrevo-as…
Sustento-as…
Entendo-as…
Sinto-as…

Lamento-as…

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Há uma semana que não dou "uma" !


(Isto de ter amigos é bom! Umas vezes para eles, outras para nós. Sempre para ambos!
No outro dia, estava a falar com uma amiga e prima que fez um pedido para um poema, o marido estava a ouvir a conversa e, ou porque achasse o pedido esquisito, mas principalmente por achar que a poesia não se faz a metro ou por sugestão, meteu-se na conversa e de forma irónica sugeriu-me que fizesse um outro poema com o tema " Há uma semana que não dou "uma" !"... Fiz os dois!
Os amigos podem ser uma fonte de imaginação, ou no mínimo, os precursores de temas...
Isto de ter amigos é bom!)



Se há no mundo quem me mereça,
És tu maravilha do meu mundo em bruma.
Mas…
Madrasta da minha natureza,
Mesmo que te peça,
Deixas-me enrolado neste desejo inacabado…
Imperfeito mundo de espuma…
Pois sabes bem que…
Há uma semana, que não dou “uma”!

Eu peço-te, peço, peço e peço…
E tu, lasciva, não ligas “nenhuma”…
E sabes bem amor, que esmoreço…
Há uma semana, que não dou “uma”!

E lanço-te olhares felinos…
Nesses teus olhos azuis de Puma…
Nobilitemos o desdém que sentimos…
Porque…
Há uma semana, que não dou “uma”!

Resignado, esconjurado e abjurado
Desta falta que me fazes “ coisa nenhuma”…
Amaldiçoo-o este arrenegado fado…
Há uma semana, que não dou “uma”!

Eu peço-te, peço, peço e peço…
E tu, lasciva, não ligas “nenhuma”…
E sabes bem amor, que esmoreço…
Há uma semana, que não dou “uma”!

Há uma semana, que não dou “uma”!
Há uma semana, que não dou “uma”!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

As mãos

( Imagem retirada da Net)


(Uma amiga pediu-me um poema...)




Mãos
Finas
Como fio de linho que acarinha
Mãos
Fortes
Como colmilho que se adivinha
Mãos
Macias
Como flocos de algodão doce
Mãos
Quentes
Como raio de sol que fosse
Mãos
Ternas
Como beijos dados
Mãos
Solicitas
Como soldados arvorados

Mãos que me recolhem e me trabalham
Mãos que me ensinam e me alegram
Mãos que me alimentam e me banham
Mãos que num afago me apertam

Graças a vós, mãos
Sinto-me seguro
E cresço
Rumo ao horizonte
Em frente ao futuro!


(Em homenagem a quem cuida dos nossos filhos, como se de seus filhos se tratassem e também para a minha filha, que cursa a arte de cuidar de outros filhos...)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

ANTÓNIO MR MARTINS






António MR Martins é um companheiro de escrita que muito estimo.

Vai lançar no próximo dia 29 de Maio (sábado), pelas 19h, no Auditório do Campo Grande, 56, em Lisboa, o seu terceiro livro de poesia.

Obra e autor serão apresentados pela Dr.ª Zulmira Sizifredo.

Aqui deixo um pouco da sua poesia.



Os teus olhos

Nos teus olhos
Renasce o clima
Que o mau tempo desvanece

Nesses olhos
De minha estima
Onde o olhar apetece

Esses teus olhos
Apaziguam o sofisma
Que a toda a hora acontece

Nesse olhar
Que a mim anima
E em cada dia floresce

São teus olhos
Um mundo acima
Deste que agora me aquece

Teus olhos para além de belos
São o carisma
Que amiúde me enlouquece


António MR Martins

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Regina Saldanha


Hoje quero falar de uma nova escrita e uma nova escritora-poetisa.
Poetisa de linguagem simples, como se escrevesse cartas direccionadas aos seus amores - à mãe, ao irmão, ao seu amor - mas escreve com a emoção que só os escritores são capazes - com alma!
Não há muitas figuras de estilo na sua escrita, mas há um estilo na sua escrita, há a singeleza de uma prece; sem retóricas, reserva-nos a eloquência de um discurso por vezes calmo, outras vezes intenso... Chega a confundir-nos com anátemas ou tabus...
Mas ela não é nada disso...
Ela é isto...


Inspiras-me...

Inspiras-me
Inspiras-me a querer mais, muito mais dos caminhos que percorro!
Inspiras-me a querer abrir as asas e a voar, mais alto, mais além, sempre mais além...
Inspiras-me
Quando adormeces no meu abraço e te abandonas á minha carícia, livre, pura, sem medo!
Inspiras-me...
A acordar todos os dias e a acreditar que ainda vale a pena lutar!
Inspiras-me
Amor...a simplesmente...te Amar

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Carta


(Prometi escrever uma carta, em moldes antigos... E escrevi... imaginando o que Vlad Dracul, poderia dizer hoje à sua amada... )








Perdido algures no nada, 7 de Abril de 2010

Amor,
Amor, escrevo-te as palavras que ressoam no meu cérebro nestes tempos imemoriais de solidão.
Não sabes o que sou ou no que me tornei.
A Besta sou eu! Por isso não me atrevo a procurar-te… Mas o amor não partiu, não sucumbiu à fúria do Mal em que me tornei, mas não posso aproximar-me de ti, amor.
Recordo a noite que os hediondos Hunos nos atacaram e com fétidas artes me induziram no erro…
Reneguei ao amor que nos guiava na crença. Reneguei o Amor pelos homens, renunciei aos meus… Rasguei as escrituras e odiei tudo e todos, menos a ti, meu amor…
Mas não me posso aproximar… sem te tornar naquilo que sou hoje, neste ser vazio, sem rumo, perdido de calor e fétido.
Amor, sei que sofreste. Que te sentiste traída e só, mas amor fomos enganados… ludibriados pela corja de selvagens que nos atacaram pela calada da noite, com instintos sujos de ódio.
Amor, parti para a batalha e venci, mas no fim perdi tudo! Quando te perdi…
Tornei-me então nesta sombra que sou hoje, onde tudo sou e nada tenho…

Amor perdoa-me por te deixar só, mas não posso aproximar-me de ti…

Naquela fatídica noite de 25 de Junho de 1461 escrevi-te ainda no campo de batalha… e foi premunição do que seria o nosso futuro.
Entrego-ta agora, com o encantamento que o meu amor impossível, possa atenuar a dor que sentes, por seres traída.

Ainda te amo… mas não posso aproximar-me de ti…



Amor,


Faz muito tempo que não te escrevo.
Já nem sei se te sei escrever.
Mas recordo-te ainda como figura de enlevo,
Quando éramos nós dois, um único ser…

Esta carta nem sei se a cesso,
Sinto um frio escorrer do aparo da caneta…
Frio como eu estou, neste processo,
Sinto-me perdido no espaço, feito cometa…

Faz séculos que não trilho a escrita a ti
Aqui neste caixão, tolho o meu pensamento
De quando cavalgávamos o verbo do momento
Mas a incauta lança me perdeu e parti…

Faz muito, muito tempo que não te recolho
Em meus braços trémulos, ao teu toque
Faz muito, muito tempo que não te envolvo
Nos meus lábios quentes ao teu chofre…

Perdoa-me esta carta assassina, crua…
Mas ela nasce de uma só saudade
A de fazer séculos que não te vejo minha e nua,
Neste esconso lugar que foi nosso, na mocidade…

Já faz tempo que não te escrevo cartas de amor
E agora, após este longínquo tempo que me enrugou
Já não o sei fazer como o fazia, com o calor…
Com o fervor, com a chama, que o tempo maldito levou…

Hoje escrevo-te porque não quero que me vejas
Encanecido, rugas disformes no homem que fui
Era a luz dos teus olhos, não o que almejas
Agora, aqui, prostrado neste caixão que flui…

Não voltarei a sentir-te em mim, neste corpo
Teu onde navegaste perdendo-te da razão
Agora feneço fétido, hediondo… decomposto
Sucumbo neste esquife - alçapão…

Faz muito tempo que não te escrevo.
Séculos dispersos neste rodopiar de tempo perdido
Temo que seja já tarde para te dar o que te devo
Pérola – esmeralda, meu amor não cumprido.


Perdoa-me…



Vlad Dracul

Transilvânia, 25 de Junho de 1461

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Maravilhosamente!

(Imagem retirada da Net)




Não sei se escreves para mim,
mas sei que escreves maravilhosamente…

Fico confuso,
porque muito do que te leio me parece tocar,
como se te conduzisses a mim,
numa troca simples de um olhar…
mas…sabes que sim…
- existem frases e divagações que não entendo
(não tenho que compreender tudo, eu sei,)
e aí, fico confuso
com o que vou lendo.

Mas…
Ao ler-te fico envolto nos sons
que as tuas palavras libertam.
Envolvo-me na ambiência dos tons
nos pensamentos
nas fragrâncias que me despertam
e gravito nos teus temas,
inebriado com as cores
que dentro do meu peito se apertam!

Há algo de transcendental no que compões.
És carne que existe neste espaço físico,
mas és muito mais razão
que se estende para além do mundo.
E se os Deuses se unissem em ti.
Serias o Universo confinado numa só…

Talvez por isso,
não és fácil de entender…
e fico sem saber
se escreves para todos
se escreves para mim…

Não importa…
Se sei, ah se sei…
Sim…

Que escreves maravilhosamente!

Choque

(Imagem retirada da Net)




Choque...
revelação disforme do momento...
tremor do reencontro,
um suspiro... tormento,
um brilho no olhar...
um esgar de dor... sofrimento.

Choque...
procura... desespero...
fugaz conversa ... desencontro,
sensação estranha,
alegria tamanha...
que alberga a alma insana.

Choque...
do reencontro , anos-luz procurado...
das estrelas e sóis ... universo inacabado,
dos beijos , queridos dar...
trocados pelas mãos ao aperto,
de mãos ... meu fado!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Ode à saudade

(Imagem retirada da Net)



I

Estou por aqui...
estou...
por aqui.
E sou louco, eu sei...
por ti.
Queria ouvir-te, ler-te...
sentir-te.
Quase 10 horas...
e nem uma palavra...
em espera...
algo assim...
Partiste.

II

Agora, só queria ouvir a tua voz,
estar a sós contigo.
Dizer-te ao ouvido que te amo...
Mas partiste.

III

Não, não estamos sós...
Os fantasmas juntam-se a nós,
como flores, brotam do chão...
e nós, não...
Não estamos sós
somos acompanhados por gnomos...
se é que o não somos...
Não estamos sós...
Mas estamos…

IV

Luto...
negro...
Nego.
E reconsidero...
Por um sol vermelho, sem segredo.
Luto por ti.
Notas que sou persistente?
Talvez demente...
Mas...
luto...
negro...
Nego.
E renego...
E peço...
Uma lua escura...
Uma escuna que me leve...
para longe...
para além dos mares.
Luto...
Negro...
Sou...

V

Estou perdido,
num porto sem abrigo.
Sem ti...
Goteja.
Luto...
negro...
Persisto, invisto, insisto...
Perco-me.
Percorro-te.
Sufoco-te.
Mitigo-te.
Luto ...
negro...
Morro...
Para longe
... sem ti.

VI

Continuo à espera do teu toque...
do telefone, ou em mim.
Toca-me, sente-me...
Olha-me este frenesim.
Continuo à espera,
do remoque...
da flor...
seja do que for ...
Do teu toque...
Do teu desagrado...
Do teu amor...
do teu recado...
ou da tua dor...
Continuo à espera!

VII

Estas gotas não me largam...
quase me são estranhas.
Saem-me das entranhas...
são salgadas...
são minhas,
para ti.
É uma sensação agridoce...
Mas, mesmo que não fosse...
são minhas,
sentidas,
para ti...

VIII

Dizem-me que envelheci.
Não sei...
talvez.
E é verdade.
E só há uma razão...
Foi por ti...
Mais velho, não importa...
Mais cabelos brancos...
Nem quero saber...
A ti, continuo a querer.
De ti...
gosto.
(Gostava que me batesses à porta...)
Envelheci...
É verdade...
Foi por ti...
E tenho saudade.
Dos teus olhos cintilantes,
dos teus dentes brilhantes,
das tuas mãos macias...
dos nossos corpos, amantes...
E tenho saudade...
Dos teus lábios púrpura,
do teu peito fermente,
do teu corpo dormente,
de ti, permanentemente...

IX

Sei que percebes porque parti.
Também tu partiste, eu sei...
E agora…
Esta dor não é só minha...
Partilhamo-la...
Mas Amor, deixa-me estar...
Não te importes...
Se não tenho outras sortes...
tenho a sorte de te amar.
E se mais por ti, não posso fazer...
Deixa-me fazer o que sei...
E o que sei...
O que sei…
Nem sei…dizer.

X

Já passa da 1...
Não tenho esperança de te ouvir.
O melhor seria dormir...
mas não consigo...
quero falar contigo...
nem que seja um segundo...
depois,
depois pode acabar o Mundo...
e morro... feliz,
como um pequeno petiz,
a quem deram o melhor presente...
que agora para mim,
de repente...
serias tu...
ausente...
no estado físico..
porque em mim,
estás sempre!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Já não te quero mais!

(Imagem retirada da Net)




Já não te quero mais!
E não me venhas com desculpas
Queixumes e outros ais
Como mentiras estultas.
Já não quero a tua boca!
Os lábios que me beijaram
Nem o céu-corpo que me cobriu.
Já não quero as tuas mãos!
Prantos lançados em mim
Em descobertas sem fim.
Já não te quero mais!
Nua numa desfilada aperaltada
Já não quero teus seios.
Roliça oferenda inacabada.
Fartos demónios truculentos
Carne alegre e bem cheirosa
De mim… da minha boca, sedentos.
Já não quero teu botão de rosa.
De desatinos loucos
Clamorosa dor de momentos!

Já não te quero mais!
(Quero-te sempre!)

terça-feira, 27 de abril de 2010

Facadas em papel pardo

(Imagem retirada da Net)





Peço-vos silêncio
Que o som é duro
E as palavras afiadas
Saem
De um punho rendilhado.
Peço-vos atenção
Ao verso ecoado
Nos labirintos da folha
Que sem contemplações
Cortam-nos a respiração
E falam-nos de fado.
Peço-vos silêncio
Mais uma vez
Para lerem no sussurro
Do lusco-fusco da palavra
Aqueles versos lúcidos
Que nos atingem a murro.
Peço-vos atenção
Às facas lançadas
Pela tinta transpirada
E ao sangue que liberto
E retalha a folha virgem.
Ai que inveja
Não saber escrever assim.
Ai que dói
Saber que te dizes a mim
E eu
Sem jeito nem defesa
Fico-me por aqui
Pedindo silêncio e atenção
Aos golpes que consinto
Num misto de alegria e surpresa.

Como é bom
Morrer
Ao som da atenção…

E do silêncio…

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Amor

( Desenho de Helena Abreu )




Recordações do nosso amargo fado
No luminoso ímpeto do Amor
Memória da dor suprema no passado
Perpetuada na fragrância duma flor

Serás sempre assim (meu farol)
Em papel a preto-e-branco ou sépia
Serás sempre o mais próximo Sol
Que torna a minha vida intrépida

No luzente remontar do Amor
Serás sempre assim (meu farol)
Perpetuas a fragrância duma flor
Foste, és, serás sempre o meu Sol
Mesmo sendo a memória
Da dor suprema do passado

Amo-te

terça-feira, 20 de abril de 2010

Anos depois...

(Imagem retirada da Net)



Óscar chegou mais tarde do que previra. O táxi deixou-o à porta do número 112 da Densmore Avenue. Verificou que as luzes da moradia estavam apagadas, ao contrário do que esperava. Olhou as casas vizinhas e nem vivalma. Ficou durante uns minutos parado, a meditar no que fazer, tocava à porta ou entrar como combinado. O facto de as luzes estarem apagadas, não fazia parte do estabelecido… Seria que algo de errado tinha acontecido?
Minado pela dúvida, dirigiu-se à porta de entrada, depois de subir três degraus. Colocou a mão na maçaneta e rodou-a. Abriu-se sem qualquer ruído.
Entrava num hall que se abria para uma ampla sala de estar. Apenas distinguia as formas disformes dos móveis, pelos ténues raios de luz dos candeeiros da rua, que entravam tímidos pelas frestas das persianas não completamente corridas.
Acendeu o isqueiro e viu-se de frente a um lanço de escadas. Espreitou de uma forma rápida a sala e não viu ninguém, apenas os sofás e móveis solitários.
Subiu a escada acompanhado pela penumbra que a fraca chama do isqueiro lhe proporcionava. Ao cimo das escadas, um pequeno corredor com quatro portas. Todas fechadas.
Abriu a primeira com a gentileza de um gatuno. A porta gemeu envergonhadamente sem o comprometer. A chama iluminou um quarto vazio. Fechou a porta com a mesma calma e silêncio como a tinha aberto. Passou para a de frente. Não estava fechada, apenas encostada. Uma cama com alguém lá dentro que parecia dormir.
Lentamente, acercou-se. A sua aproximação não importunou aquele sono profundo, escoltado por uma respiração ligeira, que aos seus ouvidos se assemelhava a uma sinfonia de tons delicados.
Acendeu novamente o isqueiro. Viu-a perfeitamente. A sua face alva, envolta pelos cabelos negros mais belos que conhecera. Estavam ligeiramente maiores do que usava antigamente. O sono mantinha-a como parecendo adormecida para sempre … Voltou atrás, desceu as escadas e fechou a porta de entrada.

Sentou-se ao fundo da cama a contempla-la, hesitando entre o manter-se assim até que acordasse, ou chegar-se junto dela e afagá-la para que despertasse.
Manteve-se naquela posição tempo indefinido. Só o facto de a ver, o deixava comovido. Certamente um dia muito cheio a tinha vencido. E nem a excitação do encontro marcado, tinha vencido aquele cansaço. Aceitou com um sorriso o facto, para si, de todo inesperado. Havia tanto tempo que tinham estabelecido aquele encontro “ impossível “…
Aproveitou o seu sono, para com passos previdentes e silenciosos conhecer melhor o espaço que o envolvia. As outras portas naquele piso eram as da casa de banho e a de um pequeno escritório. Mais ninguém estava em casa.
Na cave, para além de um outro quarto, existiam a zona da lavagem da roupa, uma dispensa que comunicava com a garagem e um acesso para o jardim das traseiras.
Demorou uns vinte minutos esta observação pouco cuidada da casa.
Subiu novamente para o quarto, onde ela permanecia imóvel.
Óscar sentou-se na cama, ouvindo deliciado, a sua respiração.
Estava também cansado pela viagem de oito horas, desde Lisboa. Acendeu o candeeiro. A um canto, um pequeno sofá acariciava a sua roupa, umas calças pretas, uma camisa branca e um casaco de malha preto, também. Despiu-se num ritual lento, procurando fazer o mínimo som possível. Ao depositar as suas roupas junto das dela, verificou que o soutien e as cuecas estavam colocados ao lado do resto da roupa.

Entrou na cama, levantando o menos possível o lençol. O corpo dela, leitoso, parecia brilhar. Ao toque do seu, frio, estremeceu:
— Humm …Let me sleep. Falou.
— Sim, querida. — Disse-lhe, com os lábios junto ao seu ouvido.
Estremeceu violentamente, voltando-se na sua direcção.
— Oh my God! Oh my God! Quase gritou, mas uma mão de Óscar tapou-lhe a boca, com um gesto suave.
— Shssssss! Não importa. Sossegou-a Óscar.
— Tás aqui? És mesmo tu? E como chegaste aqui sem que eu desse por isso?
— Deslizando como uma cobra …E mais não disse, porque ela saltou para ele, abraçando-o, beijando-o e quase o sufocando com os seus abraços.
— Oh my God, I’m so happy .You here… with me. I don't beleve it! Oh my God! Dizia enquanto o abraçava e beijava como se esse acto fosse o último que quisesse fazer.
— Podes acreditar, sou mesmo eu, de carne e osso … mas não por muito tempo se te mantiveres a apertar-me dessa maneira …Disse com um sorriso nos lábios.
— Oh, desculpa amor. Desafogando-o ligeiramente, mas ainda assim, segurando-o com a força suficiente, para que o seu sonho não desaparecesse.
— Continuas linda, miúda. Sempre bela! Sempre a mais linda de todas as mulheres que pisam a face da Terra. — Disse.
— Não digas palermices!
— Não são palermices, é a verdade. A minha pelo menos, e a que me interessa.
— Doido!
— Doida!
— Sim, completamente doida por ti! Há muitos e muitos anos … sempre doida por ti!
— Também eu… amor. Respondeu Óscar que investiu um beijo nos seus lábios rosa, de sabor a mel. Aquele sabor que perdurava no seu cérebro.
Ela respeitou a iniciativa e sofregamente envolveu os lábios nos seus, e as línguas dançaram durante minutos.
Quando as suas bocas se separaram, ainda húmidas da saliva, um sorriso aflorou-lhe os lábios:
— Pareceu um daqueles beijos de há vinte anos. Disse com um brilho nos olhos.
— Foi um desses mesmos beijos, só que temperado pela sapiência, que os anos nos deram. Respondeu Óscar, também com um sorriso, arfando ligeiramente.

Óscar deitou-se, deixando que o lençol escorregasse e o corpo dela revelou-se. A rigidez de há vinte anos atrás tinha desaparecido, da mesma forma que a proeminência da barriga de Óscar tinha avançado. No entanto mantinha-se numa forma notável, quase como há cinco anos atrás, a última vez que estiveram juntos em Braga.
Os seios, mais pequenos do que aqueles onde se tinha perdido vinte cinco anos atrás… vinte anos atrás… dezasseis anos atrás…cinco anos atrás… eram ainda roliços. Os mamilos estavam rijos, como perspectivando os momentos que se seguiriam. O ventre parecia como antes. Mais umas ligeiras estrias do que então. As pernas pouco mais “ velhas “ pareciam. Afinal assim se mantivesse ele e nem pareceria que tinha passado quase um quarto de século, desde que se amaram pela primeira vez.
Ela olhou-o com a mesma curiosidade. Fez os seus comentários silenciosos e sorriu com o belo e enigmático sorriso, que Óscar tão bem conhecia e que todos os dias — durante aquela ausência estúpida — relembrou.

Óscar debruçou-se sobre ela, colocando o indicador direito no seu lábio superior e beijou-lhe os olhos. Ela lambeu-lhe o dedo. Óscar lambeu-lhe o nariz. Beijou-o também e esfregou o seu no dele. Óscar manteve o indicador na sua boca, como brincando com duas teclas de um piano, acariciando-lhe os lábios e afagando-lhe a maçã do rosto, em movimentos lentos e constantes. As mãos dela, percorriam as costas de Óscar em movimentos assimétricos, provocando-lhe fortes e prolongados arrepios, projectando-o para sentidos vividos há muito tempo. Recordou-os com deleite. A boca de Óscar fugiu para a sua orelha direita e a língua redescobriu aqueles recantos deixados em pousio durante tanto tempo. O corpo dela estremeceu ao contacto da língua húmida. Um arrepio vingou-se da violação do contacto.
A doce sensação mantinha-se com a continuação da viagem, agora no pescoço. As unhas dela cravaram-se ligeiramente na pele dele, quando Óscar lhe sugou suavemente o pescoço. Brotou uma ligeira mancha rosada à flor da pele. A mão dele encheu-se do seu seio. Sentia-lhe o ritmo cardíaco mais acelerado. O mamilo hirsuto pressionado pela palma da mão oferecia resistência. Deixou escorregar a mão até que a ponta do dedo indicador e médio pousassem sobre ele. Pressionou ligeiramente. As pequenas gotículas de suor que afloravam os seus corpos ajudaram na massagem que promoveu. E a cada toque no mamilo, um arquear delicado do seu corpo, acontecia. E a cada beijo que lhe dava, os seus lábios respondiam com a sofreguidão, que a ausência de cinco anos daqueles beijos lhe provocara.
Desceu a boca até ao mamilo direito, sugando-o com energia, enquanto a mão direita se mantinha em movimentos circulares no outro. Os seus corpos envolvidos naquele acto de sofreguidão, pareciam dançar ao compasso dos seus gestos, toques, impulsos e pressões…

O desejo e o amor fundiram-nos, tornando-os unos, como se o Universo os tivesse absorvido, transformando-os numa estrela cintilante… O tempo parou. A ausência esfumou-se num murmúrio de prazer…
A vida recomeçava novamente…anos depois…




"Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós."

Antoine de Saint-Exupéry ( escritor francês - 1900-1944 )

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Incertezas

(Imagem retirada da Net)




Ao toque incerto dos teus lábios
Como vermelho remanso de luar
Flutuam ainda nos meus, sábios…
O recôndito espaço do verbo Amar

Toque indelével de ti, Paixão
Arremete-me para o espaço sideral.
Terei emergido lentamente do chão?
Sim?
Quando?
Quando senti o toque de ti?
No final?

Troaram nos céus trombetas de mel
Transbordando os sons do romance
E em vez de Amor
Senti o fel
Do que de ti
Não estava ao alcance

E neste mar de incertezas
Vogam as arritmias do Desejo
O que será que terei de ti?
As realezas?
As certezas?
Ou mero toque… em ti
Que antevejo?

Não sei… beleza!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Paixões proibidas

( Imagem retirada da Net)




Será na penumbra da noite
Que descobrirás a sofreguidão
Do teu silêncio estrepitoso
Espetado em mim... no coração.

É agora o momento
De inexistente alienação
Que se transforma em solidão.
Não me amas
Não queres amar-me.
Perdes-te de mim
E esvazias-te
Na vã procura
Do caminho que não queres.

Serás sempre um reino
Por conseguir
E eu serei sempre a ilusão
De um desejo inacabado…
De um destino a cumprir.

Nas tuas mãos
Perdes a essências das noites
Que te quis dar.
Afundaste-te
Na procura do que já não queres
E buscas em ti
As certezas do que já não sabes.

Será na calada da noite
Que calarás o grito na tua boca
Quando descobrires
Que te perdeste
Ao perderes-me…

terça-feira, 23 de março de 2010

Definitivamente






Definitivamente…
Lanças-me o teu olhar
De mulher
De frente…
Com teus olhos floridos
E
Com enigmas de serpente…
Definitivamente…

Definitivamente…
Tocaste em mim
Com as tuas mãos macias
Com os teus lábios húmidos
Frementes…
Definitivamente …

Definitivamente…
Entregaste-te
Abriste a porta da paixão
Atiraste a chave ao rio
Deste-me o coração…
Teu…quente… macio…
Definitivamente…

Definitivamente…
Sentes o desejo
O ardor
Dizes-te encontrada-perdida
Confessas o amor
Que só quem ama sente…
Definitivamente…

Definitivamente…
És minha
Amiga
Namorada
Amante
Ou tão-somente minha
E mesmo que não me tenhas
Para sempre
Sou teu…
Porque te pertenci um dia…
Definitivamente…

segunda-feira, 22 de março de 2010

O que faço aqui?





O que faço aqui?
Neste Mundo completo
De metáforas e hipérboles
(Tão erudito e sapiente)
Eu… um ignaro tosco?

O que faço aqui?
Neste campo de ouro
(De aparos diamantados)
Que encandeia o restolho
Eu… mero estulto!

O que faço aqui?
Nesta vastidão de criadores
(Pródigos áugures)
Primos entre tragédias e amores
Eu… que não sei ortografar?

Talvez só uma guisa…
Um pró-forma complexo
Uma composição com o efeito
De ajudar alguém…
A aprender a ponderar!

(Introspecção sobre o que me (não) faz estar (tanto), nas comunidades da escrita)

sexta-feira, 19 de março de 2010

Fugiu o vento



Queixam-se lá fora,
que o vento fugiu.

Dizem que foi o velho,
que soprou
e que os pinheiros murcharam...

Histórias...
histórias duma noite só,
onde gasto a tinta gasta,
e falo só…
com quem queria ter
e não tenho…

(Queixo-me aqui dentro,
do frio que sinto,
nesta casa - abrigo...
da falta
do abrigo dos teus braços,
do calor dos teus beijos,
do doce do teu olhar...)

Queixam-se lá fora...
De uma luz...
que brilha onde a noite mora...

Os lobos livram
o olhar do velho
com medo que ele sopre,
nos pinheiros...

Histórias...
São só histórias…
histórias duma noite só
na solidão da loucura…
que provo com um travo de dó.

Queixam-se lá fora,
que o vento fugiu…


(Escrito em 1979 e revisto em 2010)

quinta-feira, 18 de março de 2010

Sentimento ambiguo





Este sentimento ambíguo
Sempre
Sempre tem existido
Como tu existes
No teu corpo de mulher.
Sei que te quero
Claro que te quero
Sempre
Como quisera eu saber
Sempre
O que quisera saber

Mas a dúvida ou a certeza
Corrompe-me
Deixa-me alagado
Num mar de frustrações
Quero-te
Julgo-te minha
Mas vivo apenas numa aldeia de ilusões

És tanto
Estás aqui neste peito enfermo
De lembranças, juramentos
Emoções
Mas que importa tudo isso
Se com efeito
Quando quero certezas
Só encontro… ilusões

Este sentimento ambíguo
Que sinto
Sempre
Sempre tem existido
E apareces-me tu
Envolta em neblina
Quero-te, procuro-te
Revolvo o mundo
Desapareces
Quando corro a cortina

Este sentimento ambíguo
De certezas
De dúvidas provido
Julgo-te sempre minha
E logo nem imaginar-te comigo
Consigo

É disto que falo
Da angústia
Transformada num sentimento ambíguo

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ontem




Ontem passei à tua porta.
Eram 23 horas e 12 minutos.
Pensei bater.
Não…
É melhor não.
“Já não me conhece”.
É que o tempo evapora as imagens
Que rugem dentro de nós.
Hesitei…
A vontade de te ver
Fervilhou dentro de mim.
Saí do carro,
Acendi um cigarro e fui á tua porta.
Fiquei o tempo que um cigarro leva a fumar.
Instintivamente
Relembrei o dia em que me deixaste sair
Sem quereres que eu saísse.
Revisitei os teus olhos de amêndoa torrada.
Naquela noite.
As súplicas de mais um momento moravam neles,
Mas a tua boca mantinha-se silenciosa…
Relembrei que fui rio no teu leito
E que navegaste em mim
Como um suspiro
Se desprende da garganta…
Selvática!

Ontem passei à tua porta.
Eram 23 horas e 12 minutos.
Fiquei o tempo que um cigarro leva a fumar.
Perdi-me numa eternidade de lamentos.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Tentas-me



Tento-te ao invés de te tentar convencer
A deitares-te sobre o meu corpo
Há um intemporal mundo onde abarco
Um tempo só nosso

Seria eu só uma boca aberta
A beber-te todos os sorrisos
De um mundo feito de abraços
Serias tu a mudança
A despertar este meu cansaço

Arrebatas-me com teu jeito de guru
Envolta em silhueta redescoberta
Tentas-me… tentas-me…
A percorrer-te perdido
Teu corpo alvo de cetim cru
Num percurso vagaroso…
Sorrido…

Tentas…

Sim, tento ser um só caminho a descoberto
Para seguir-te
E logo após deixar-te
E na volta
Voltar atrás no tempo

Não quero ser quimera
De um mundo sumido na força dos ventos
E tu Primavera que se saciou em tempos outros
Em amor grado e profundo, nos meus braços

É esta a força presente no meu corpo
Que se estende e se abate sobre ti
Sempre que quiseres estar em mim

Tentas-me… tentas-me…
Sabes que me reviro e me perco
Quando te reencontro
Num a-deus longo, fingido…

Sabes que sou teu, mesmo quando não sou
Estou… mesmo quando não estou
Sou Deus-demónio, fluorescência divina…
Tens-me…
Quando me dou à tua boca celeste
Tens-me…
Nas noites de sonhos meus…
Nas valsas fantásticas que dançamos
Tens-me…

Tenho-te em noites minhas onde moram os sonhos teus
Sou a força de um adeus ou de um Deus
Que respira por todos os poros da minha pele
E agora nesta dúvida persistente
Já nem sei se me apresente a ele
Ou se me abandone ao único chão que me sustenta

Sou assim uma ilusão que se quebrou
Uma ficção que se inventou no nada

Não, não és!
És real no Infinito do Mundo…
E eu sou em ti, profundo!


Dueto com Matilde D'ônix, na participação no concurso de poesia, alusivo ao Dia dos Namorados, aqui:http://www.worldartfriends.com/

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A saudade da loucura


Quanta saudade!

Quanta saudade!
De em ti, derramar…
Minha semente fascinante…
Quanta saudade!
De me ser em ti…
Sentir a mão que te percorre…
O corpo…
Dedilhando-te viva!
E eu… de desejo… indecente…

Quanto desejo!

Quanto desejo…
De me ter em ti… assim…
Num misto de dor e ternuras…
E em selvagem desvario…
Sermos o Universo…
Num Mundo de aventuras!

Ah rosa cálida de mim…
Quanta saudade!

Murmúrios da Saudade


Murmúrios...
O som da tua voz.
Lançado no fundo do tempo...

O teu som abafado, não sai...
E as saudades...
Sei o que são!

São um rio navegando para a foz.
É o sol em rota incerta,
Volteando sobre si…
Ou são apenas um grito que se vai...
...ecoando-se na parede e cair de pé?

Murmúrios de ti...
São lembranças do passado, são!
São memórias perdidas…
Que ecoam nas barreiras da razão...

Mais, mais e cada vez mais...
As saudades de ti...
Persistem...
Subsistem...

Mais, mais e cada vez mais...
Tanto mais, que já nem sei revelar...
O que é esta dor que existe no peito...
O que são as tonturas quando me deito...
O que é esta vontade de partir... e não voltar...
O que é este sentimento augusto...
...este estado de ser...
...este amar!

Murmúrios... são o som da tua voz.
Quente... mas distante... tão ausente...
Que ressoam dentro de mim…
Presentes em ténue cumplicidade…

Murmúrios...
Remotos...
Ah, Dor!
Ah, Saudade!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Vultos perdidos

( Desenho de Noelle Allen )

Os vultos perdidos
Projectam disforme luz
Caleidoscópio de sentidos
Que inebria e seduz
Meu corpo errante…

Arbítrio colhido num lamento
Solfejo vociferado sem perdão
Fanfarra de um só momento
E eu não…
Ouço apenas o som do desespero.

Sou a queixa de um não
Chaga em sangue arrogante
Estou exangue de mim…

Vultos perdidos numa miragem
Espectros de uma ilusão
Inerte sentido…

Ai como ressoa o silêncio!
Ai como dói a pena!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Nos teus lábios...



Nos teus lábios percorro
Labirintos de prazer surdo...

São mar-imensidão
São tormentas por acontecer...

Nos teus lábios sou rei-momo
Sou semente abrupta por colher
Sou frágua liberta nas arribas
Sou onda a bater...

Nos teus lábios sorvo
Alfazema que emana de ti

Os teus lábios...
São nuvens de algodão doce
São morangos com chantili...

Nos teus lábios sou rei-momo
Sou semente abrupta por colher
Sou fraga liberta nas arribas
Sou tudo o que acontecer!



In " A Traição de Psiquê "

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Quero!

( Foto de Kim-Joon )




Quero!
Entrar em ti, devagar
Sentir húmidas, as tuas paredes
De maneira diferente
Como barco em ti, a aportar!
Quero!
Mergulhar no teu mar
De águas calmas
Beber-te os mais puros ais
Num desejo imenso, de voltar!
Quero!
Ser teu rei e senhor
Percorrer teus recantos
Delirando de deleite
Que o amor contigo
Me vai fazer recordar!
Quero!
Beijar-te... toda... molhada
Em suaves esperas
Em compassos lentos
Como se fosses quimera
Quando em mim, te encerras
Quero!
Percorrer o teu caminho
Entrar em ti, devagar...
Ser em ti... devagarinho
E sentir-te lentamente...
Chegar!

In " A Traição de Psiquê "

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Imagina que morri…




Imagina que morri…
Que parti resolutamente…
Em absoluto.

Não chores…
As lágrimas não te soltarão a mágoa.
Dos momentos vividos,
Que não se repetirão…

Sorri…
Por te libertares,
Por não mais me sentires a falta
De estar a teu lado…

Põe no gira-discos um fado
E canta a saudade que não terás.

Imagina que morri…
Que fui para o Abismo…
Sem ti.
E em troca da dor,
Põe na boca alegre clamor…
E sorri.

Eu, já parti…