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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sou?






Distância presa por um fio
Delírio intemporal.
Fria distância da separação
Perpetuada na rígida negação.

Só?
Estás perdida
No labirinto de mim?

Perguntas?
Com resposta implícita
Na nudez da palavra.

Desafio-te…
Prova do meu fel
Frio
Gélido ser que aprendi a percorrer.

Ébrio em brandy-mel
Sou o percurso do non-sense

Frio
Distante
E tão perto
Aspo

Afinal sou
Satanás
Belzebu
Lúcifer

Sou?

Colectânea "A Traição de Psiquê"





Para quem puder, é ir reservando a tarde do dia 5 de Dezembro - 16
horas... na Biblioteca Municipal de Gondomar, onde o livro será
apresentado no âmbito de uma tertúlia sobre o amor e o erotismo. Podem
participar, lendo textos vossos ou de outros autores ou, simplesmente,
como diria o Jazzé Duarte, ouver...

Autores:
Adolfo Fonseca_Alice Santos_Ana Maria Mendonça
António Sem_Ausenda Hilário
Bruno Miguel Resende_Conceição Bernardino
Daniel Orge_Dinah Raphaellus_Fernando Neto
Fernando de Sousa Pereira_Florbela de Castro
Francisco Grácio Gonçalves_Glória Costa_Isabel Reis
João Bosco da Silva_João Cordeiro
João Filipe Pimentel_Joe Outeiro_José António Pinto
Luís Manuel Ferreira_Manuel M. Oliveira
Maria Escritos_Modesto Nogueira
Mónica Correia_Náiade
Namibiano Ferreira_Nazarith_Octávio da Cunha
Paulo Alexandre e Castro_Paulo César Gonçalves
Rafael Atalaio_Romeu Braga_Silvério Calçada
Sílvia Soares_Silvino Figueiredo_Vieira Calado

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O esquecimento em branco


( Desenho de Helena Abreu )


Advirá o esquecimento deste tempo de silêncio ?
As luzes apagam-se ,
por de trás das cortinas opacas de lembranças .
Não há forma de as reacender ,
senão com velas ,
com combustão explosiva , que …
se apagam num esgar de vida …

Advirá o esquecimento ,
depois desta lembrança contínua ?

Imagem a imagem …
não te deixo esconder na escuridão atroz.
Revejo-te continuamente …
Alva de brancura que dói .
Olhos semi cerrados de dúvida , que rói …
a minha alma sedenta de ti .
Não te escondas neste silêncio …
que te ouço mesmo assim .
Não te encubras por detrás da Lua …
que ela é invisível para mim .

Advirá o esquecimento ,
depois deste silêncio audível ?

Não , já não te podes esquecer …
Já não te posso esquecer …
Se somos os dois … um único ser !

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Só…
Sobrevoas as marés
Sobre ondas salgadas
Constantes…
Na vã procura de ti
E de um porto por alcançar
Só…

Só…
Escutas o som
O gemido da guitarra
(Que treme nas tuas mãos)
E o ressoar do mar
Na espuma florescente da onda…
A esperança não é vazia
Estou aqui…
Só…

Só…
Chamas por um caminho
Escondido no meu olhar
E de mansinho
Calcorreio…
Sobre a dúvida persistente
Se as tuas palavras são ocas
Ou profundas de amar…
Sobreveio a esperança
Mas continuo só…
Só!



Não há luz…


Não há luz que ilumine o caminho.
A escuridão assomou plena de vigor.
Toldou-me com um bafo quente de inquietude e prostrou-me.
Não sei o que fazer!
Não há luz no horizonte.
As aves nocturnas voam nos vazios da cidade.
Felizmente há céu…
Também queria ter asas, para as bater e fugir.
Planar junto às nuvens.
Plenas…
De formas irregulares.
Sem regras impostas a seguir.

Não há luz no caminho…
E eu apalpo o escuro para não me perder…
Mais!



sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Perdido


(Foto de Fernando Figueiredo)



Não! Não durmo em ti!
Não me embalo no teu regaço
Não deito a cabeça…
Não estou…

Sou a chama malsã de um passado
Sou vento desviado do rumo
Sou folha caída numa seara
Sou onda rolando na areia
Sou o que não sou…

Não! Não durmo em ti!
Não te cubro com meu corpo diáfano
Não estou…
Perdi-me!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A Troca



A troca de fluidos
É só uma troca
Um instante
Uma ejaculação
Um momento
Um beijo
Um bocejo húmido
Um feito único
Um desejo…

A troca
É mais que uma foda
É algo que enfoca
É mais que estar
Por estar…

A troca
É tocar o Sol
Tingir uma nuvem
Beber uma lágrima
Debaixo do lençol…

A troca
É tudo
…Que não tivemos!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O percurso da língua...




Prostrada... nua... esperas.
Por mim...
Pelos meus gestos.
Pelos meus gostos...

Surjo sobre ti...
e beijo-te os olhos ,
o nariz ... e a boca mais abaixo .
A língua solta-se...
O pescoço é lambido...
... movimentos lentos ...
... a língua desce.
A curva da axila é tocada,
com a língua molhada.
Um pequeno gesto descendente...
e toco no mamilo... ardente.
O teu corpo começa a ondular...
mas, ainda antes de acabar,
a língua desvia-se...
e no outro mamilo, toca ...
O movimento continua...
Os lábios esmagam-te agora...
a barriga... contraída,
e tu, querida...
sentes a língua húmida,
descer mais um pouco...
os lábios no umbigo, agora...
os dedos mais abaixo...
abrindo espaço...
para com a minha língua,
procurar o pedaço...
que te faz gritar...
um grito gutural...
o que é natural,
quando a minha língua...
te deixa “ perdida “...
e no fim... do êxtase, não sabes...
se queres morrer... ou ficar viva.

Falo de Amor... e tu entendes...

Falo de Amor porque o sinto...

De uma forma tão intensa... que nem sei,

Dizer, agora... faltam-me as palavras.

Ao Amor, a dor está ligada... não minto...

Porque sei o que sinto...

Mas não sei dizer... as palavras estão paradas!

Falo do Amor que conheço...

De uma forma tão intensa, que parece luz.

Falo do Amor... que nem sei se mereço...

Se o trouxe... se o dei... se o pus...

Se o suporto; se o escondo; se o tiro...

Se o sublimo... se o esqueço.

Falo de Amor...

Falo dela e de mim.

Falo dos desejos, dos sonhos...

Falo dos pensamentos... da agonia.

Falo do Amor assim...

Da loucura deste sentir...

E se é loucura, deixá-la ser...

Não a quero ver partir...

Porque esta loucura faz parte de mim.

Falo do Amor...

Da tristeza... da alegria...

Do frio, do calor,

Que o Amor determina.

Falo do Amor... de que mais haveria de falar?

Falo do irreal; do difícil; do impossível de atingir...

Falo do Amor... porque sei amar...

A dor...

Perpetuada no Amor que hei-de conseguir.

E os outros vêm-me...

Entendem-me, ou talvez não.

Mas tu amiga, “ lês-me “...

Porque afinal... como sempre soube...

Também doce... de Amor...

É o teu coração!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Shiu! O canário dorme...



Preciso de ir ao médico,
julgo que morro, nem sei...
estou ébrio, louco...
vingo-me no tabaco
e choro a solidão que tenho...
Preciso de ti... Amor,
tu sabes,
e nem um beijo,
nem um abraço...
e sofro, baixando o olhar na rua triste,
e choro, baixinho...
para não acordar o canário...




Foto de Bertrando Campos

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Digo-te de mim.


Digo-te de mim
Estou por aqui…
Perdido
Nesta espera inútil
De reencontrar-te

Digo-te de um amor
Tido, sentido… sumido
Nos teus olhares feridos
Na tua boca agnóstica
Na vontade perdida…
De me beber

Digo-te assim…
Digo-te agora o que perdi
Com lábios fechados
Olhar apagado
O sonho acabado
Em nós…

Digo-te de um amor
Findo…
Sentido…
Sem sentido…
Que descobriste.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O que acaba?


O que acaba?
Acabou?
O que se teve?
Nada!
Nada começou!
Apenas o engano do voo.
Só um bater de asas
E não se voou…
O que acaba?
Nada!

Existe
O começo do fim
Do que não começou!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Desejo! (De Fátima Abreu)

SIM, DERRAMAMOS AMOR
NESSE DESEJO
QUE NOS ACOMETE
DESDE QUE NASCE UM BEIJO...

AH, DESEJO QUE INFLAMA
QUEIMA, ARDE,
NO CORAÇÃO
QUE AGORA É CHAMA
QUE INVADE...

INVADINDO O CORPO
COITOS, SÃO MUITO POUCO...
TEMOS SEMPRE QUE NOS DOAR
MAIS E MAIS...
É ASSIM QUE SE FAZ:

VEM COMIGO PELOS CAMINHOS DO CORPO
VIAJA CENTÍMETRO A CENTÍMETRO
EM DESEJO LOUCO
REPARA AS MINHAS CURVAS
APALPA OS SEIOS
FABULOSO RECHEIO
PAR O MEU CORPO...

SEGUE OS CAMINHOS
PASSE A MÃO, SUAVEMENTE
DESEJE!
SINTA A GRUTA QUENTE!

VEM AGORA, DESCOBRIR MEUS MISTÉRIOS
REPARA NOS CONTORNOS DOS SEIOS
SENTE A CURVA DA CINTURA...
APALPA AS NÁDEGAS, COM FARTURA...

FINALMENTE INTRODUZ TEU MEMBRO
NA GRUTA QUENTE E MOLHADA...
FAZ DE MIM TEU TEMPLO
OU A TUA MORADA...

SEREI TUA DEUSA, POR ESSES MOMENTOS
A QUE TE FARÁ VIAJAR AOS CÉUS
EM GOSTOSOS ESPASMOS
DE UM PRECIOSO ORGASMO...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Desejo!

As pregas dos teus lábios
São livros sábios
Do muito que viveste.
Dos homens que tiveste
Dos momentos de ternura
Que viraram loucura
De tesão-doçura
Nas camas onde dormiste…
Invejo!

Invento-te morena mel
Com olhos esculpidos a cinzel
Boca de morango.
Estar contigo na cama
Ter-te em forma de losango
Ver-te nua ou em filigrana
Romper e tomar-te
De forma total e insana…
Desejo!

Membros entrelaçados
Coitos loucos acabados
Suor escorrendo nos corpos.
Feitos sublimes investidos
Fluidos trocados, diluídos
Largamos imorais gemidos
Vocábulos roucos de nós
Amantes acontecidos…
Prevejo!

Coitos sublimes fomos
Ternura e jaculo em solfejo
Loucuras insanas compomos.
Em excelsas lides de desejo
Extenuamo-nos livres de pudor
Soçobramos na luta pelo beijo
Derramamos Amor…
Amor vivo, sem pejo.
Almejo!

Palavras


Quero encontrar as palavras certas...
curtas, compridas, não importa...
mas encontrá-las é difícil.
Quero dar-te a força que nem precisas
... mas dar-te...
porque a mim importa-me.
Importa-me que saibas que me importa.
Importa-me que saibas que vales.
Importa-me que saibas o quanto te quero.

Não me importa que deturpes as palavras.
Não me importa que me odeies...
Mas palavra, importa que te importes
... que não esteja contigo!
Não me importa que te zangues.
Não me importa que me desprezes.
Mas importava-me que me julgasses mal...
... que não me visses, como um amigo!...

Quero encontrar as palavras escondidas...
... ditas, não ditas... não esquecidas...
mas palavra... é difícil!
Dizer-te as palavras que por medo...
... ou talvez não...
... não foram ditas
– creio –
para não melindrar o teu coração!

Não me importa que destruas as palavras...
Que as odeies... ou assim...
Mas palavra... não são só palavras...
O que significas para mim!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

sempre este louco


quem dera ser mosquito
para te beber
só um pouco
só uma gotícula
ou simplesmente
pousar em ti
sabes
este gosto louco
mantém-se assim

quem dera ser folha
de árvore despida
voar
em voo a pique
rasar-te o ombro
cheirar-te
ou simplesmente
pousar em ti
sabes
este gosto louco
mantém-se assim

quem dera ser campo
trufa branca
colhida
ser em tuas mãos
ou simplesmente
olhado
visto por olhos teus
sabes
este gosto louco
mantém-se assim

quem dera ser folha
riscada
por caneta tua
ou somente cadeira
teu colo macio
ou simplesmente
vidro de janela
onde te reflectes
sabes
este gosto louco
mantém-se assim

nada sou
do que quero ser
mas sou
sempre este louco
que te ama

Ontem... hoje...





O tapete de pele de urso polar...
Do que eu me fui lembrar...
Do almoço á sombra do eucalipto...
Do quarto por encontrar...
De Tavira...

As palavras ditas...
Sentidas...
Ainda abrem feridas,
Por não terem sido cumpridas...

Bairro Alto... desencanto...
Cama partida...
Legumes...
Queixumes...
Ferida...aberta.

As palavras ditas...
Sentidas...
Ainda abrem feridas,
Por não terem sido cumpridas...

Noites perdidas,
Mentiras cometidas...
Alegrias desmedidas...
Êxtase...

Leo Sayer... “ Orchard Road “
Falco... Der Koommisar...
Danças ... abraços...
... Prendo-me , ainda ...
no toque dos teus braços ...

As palavras ditas...
Sentidas...
Ainda perduram...
Ainda fazem sentido...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

DESPUDOR REAL ( Dueto com Fátima Abreu )

MEU DESPUDOR É REAL
COLOCO NAS MINHAS LINHAS,
TUDO QUE VAI NA ALMA DEVASSA...
DA POETISA QUE AGORA,
VOLVE O ROSTO PARA TI,
MOSTRANDO COMO É LINDO SORRIR...

O teu despudor é fatal.
Tocas, envolves, abespinhas
Este meu corpo, esta massa…
Que nadaria Atlântico fora
Só para ver teu rosto em frenesi
Rosa, num canteiro a florir…
UM SORRISO DE DESEJO,
QUASE COMO UMA PISCADA DE OLHO
UM BEIJO, UM LAMPEJO...

O teu despudor é fatal.
Um sorriso de desejo
Um toque real em ti…
Uma partilha de um sonho
Um silvar de corpos fundidos…
Um beijo…
Um balanço…
Almejo!

MEU DESPUDOR É REAL,
MAS NÃO ME LEVE A MAL...
SÃO ROMPANTES DESSA ALMA
QUE CARECEDE MUITO AMOR,
DESSA MULHER
FEBRIL, QUE EXALA CALOR...

Teu despudor é fatal.
E sei que não é por mal
Que me fazes perder a calma
Mas parece…
Que me queres fazer correr…
Em ânsias de te querer
Percorrer o corpo
E te desvendar a alma…

MEU DESPUDOR É REAL
MAS EMBRIAGUE-SE NOS MEUS TEMAS
SÃO PARA SEREM ABSORVIDOS
PELO CORPO, PELA LIBIDO...

Teu despudor é fatal.
Absorvo-me nas tuas rimas
Na tua voz de mel escorrido
Absorvo-me, perdido…
No papel violado
Pela tua prosa-poesia…
Envolvo-me, quem diria?
Na tua história tornada fado
Na tua noite, virada dia…

MEU DESPUDOR É REAL
NÃO USO ARTIFÍCIOS,
APENAS A SENSUALIDADE
QUE EM MIM, ARDE...

Teu despudor é fatal.
Quase me torno em poeta demente…
Quando ao ler-te prenhe de ternura
Meu corpo treme
Em sonhos de abraços e beijos
Cobre-se de fogo corrente…
Afloram-me desejos…
De te ser em mim…
De me fundir em ti, sempre!

MEU DESPUDOR É REAL
FAÇO DA MINHA POESIA,
A FRONTEIRA PARA O AMOR:
DO CORPO E DA ALMA...
E DE QUEM QUISER PROVAR,
DESSE MEU VERSEJAR...

Teu despudor é fatal.
Toca-me com ondas de prazer.
E eu, sem querer…
Gozo um gozo irreal…
Porque me envolvo no teu mal…
Bem-me-quer, natural.

MEU DESPUDOR É REAL
E NÃO FAZ NENHUM MAL...
APENAS MOSTRA AOS LEITORES
COMO É BOM SENTIR CERTOS SABORES...

Teu despudor é fatal.
Que me transporta de forma casual
Ao mundo dos amores
Dos tremores, dos espasmos...

SABORES, ODORES, SENSAÇÕES, ORGASMOS...
TUDO JUNTO COM MUITA SEDUÇÃO
FAZ DO MEU DESPUDOR
UMA REAL ATRAÇÃO...

E ao ler-te absorto
Viro este Mundo e o outro
Com o máximo de atenção…
Prendo-me a ti,
Às palavras tuas… meu conforto
Preso á tua lírica, à tua veia…
Meu amor, meu tesão!

PEGA MINHAS RIMAS ENTÃO,
ABSORVA A ESSÊNCIA...
SABOREIE COM PRAZER...
SATISFAZ...
COM GOSTO DE "QUERO MAIS"!

Prendo-me a ti,
Em jeito de ternura…
Sem leito de sapiência…
Na procura de ser…
Um ser, a reter…
De saber como se faz…
Serei aprendiz do teu saber
Que ao ler-te sempre te dirá:
Tu és demais!

E QUANDO SE FALA EM FAZER AMOR,
TUDO FICA MAIS GOSTOSO
E DESFRUTA AGORA,
VAI AO GOZO...

Sim…
Quando se fala de fazer amor
Fica um gosto profundo
E assim
Que me perco em tuas rimas, teu calor
Vem o gozo do Mundo
De me seres vaso
E eu de te ser flor.

COM O PENSAMENTO EM MINHAS PALAVRAS
COMECE ENTÃO, A TUA JORNADA
EM BUSCA DO PRAZER
QUE PODEMOS TER...

E envolvo-me nos teus poemas
Nos teus versos de amor
E logo me sinto o tema…
Perco-me no dilema…
De te ser carne por dizer…
De te ser amante a acontecer.
E…
No raiar da tua escrita
Vejo-me fruta bendita…
Em tua boca a comer!

VAI, TORNE-SE VIAJANTE DE MINHA POESIA
FECHE OS OLHOS AGORAI
MAGINE-SE NA CAMA,
EM LENÇÓIS DE SEDA
COM ESSA DAMA...

Sim!
Sou a tinta da tua escrita…
Sou a folha que envolves
Sou os olhos que te vêem
Sou a fome que te devora
És-me o fogo, sou-te a chama
Sou o fulgor, que em mim medra…
Sou a voz…
A voz…
Que por ti clama!

A DAMA MORENA,
VINDA DA MISCIGENAÇÃO,
DO BRANCO E DO ÍNDIO,
DO CRAVO E DA CANELA...
VAI TE FAZER SORRIR
COM O PRAZER, QUE JÁ VAIS SENTIR...

Ah, dama morena
Leve como uma pena…
Poema, letra, canção…
Seda pura…
Rio de sentires, emoção.
Toda tu és ternura…
Corpo liberto…
Riso discreto…
Tentação!

SENTE AGORA...
ESPASMOS EM TEU CORPO,
VINDOS DO TEU DESEJO LOUCO...
PERDIDO ENTRE MEUS VERSOS,
QUE TE DEIXO AGORA...
EM MOMENTO DE PURA SEDUÇÃO,
PARA PODER GOZAR,
NO FIM DESSA COMPOSIÇÃO...

Sim… sinto…
Teus espasmos libertos em mim…
O meu desejo louco… o grito rouco…
Perdidos em teus versos
Envoltos em cheiro de alecrim…
Quero sentir-te senhora
Insidiosa, voraz, sedutora
Do meu corpo suado…
No gozo conjunto
Deste ritual inacabado!

Teu despudor é fatal!

Fátima Abreu / Octávio da Cunha

terça-feira, 28 de julho de 2009

Gozo (Dueto com Fatima Abreu)



SENTE MEU GOZO ENTÃO...
A ESCORRER PELA VULVA MOLHADA
NA MAIS PROFUNDA ENTREGA...
DO SABOR
DO MEU MAIS ÍNTIMO, AMOR...
AQUELE AMOR QUE BROTA DAS SENSAÇÕES
QUE LEVAM O CORPO A TREMER
E A BOCA, APENAS A GEMER...
SENTE MEU GOZO AGORA...
MEL PARA TEU CÉU...
O CÉU DA GLANDE ENVOLVIDA
ENTRE AS COXAS DESSA POETISA...

Sinto, sinto a tua tesão…
Vejo-te…
Vejo-te nua, deitada
Em momento de espera…

O rubro fulgor…
Emana do teu ser em flor…
Lava de vulcões
Saem de ti, em turbilhões

Com arte e saber
De em mim fazer
Delirar de prazer…
Lanças-me o véu da tua boca
Balanças a língua no meu falo…
Dás-me vida…
Sem o perceber…

E esperas gulosa
Pelo meu leite morno
Entornado em tua boca
Em espera morosa…
E tu poetisa
De olhos-mel…
Deliras sequiosa...


segunda-feira, 27 de julho de 2009

Depois do ódio


Depois do ódio, ainda resta algo?
Mesmo num olhar sombrio
num relance escorregadio
um entreolhar
distante.
Um relembrar de amante…
Um fogo apagado luzidio
um flash!
Mesmo depois do ódio, algo fica?
A lembrança amante do passado
um clamor calado
dos momentos findos
mas um relance-olhar desviado
ainda que mal disfarçado
leio nele…
que depois do ódio
fica a sensação ainda actual
do tempo passado
das lembranças ainda acesas
como velas infinitas
no imaginário do tempo.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Pesares...

Até o céu se me alia...
Deixo-me ficar...
nos espaços...
de uma existência sem porquê...
As nuvens...
Surgem negras, ameaçadoras,
conciliando-se no meu pesar...
Não!
A dor de sentir...
não me alivia.
Pesam-me as pernas...
não consigo andar.
Faltam-me as forças...
caem-me os braços...
sinto-me vencido!
Até as nuvens...
misturas...
deixam-se trespassar...
por raios luminosos,
que lhes não dizem nada...
... a mim, também não...
Porque é que existe dia,
se não o vejo...
e não me toca?
Porque não é sempre noite...
Se só ela... me consola?...

Lisboa , 28 de Fevereiro de 1980

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Arrependimento

Há palavras que ficam presas ao pensamento.
Ecoam em nós como sinos tocados nas escarpas das montanhas.

Soa-me a arrependimento!
De teres sido injusta e cruel.
Provocadora de sofrimento
Sinto-te envolta em fel…

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Trajamos o verso

Nos imaginários momentos de esculpir
Dispo-te os lamentos lançados.
Impregno-me de luzes a luzir
Os corpos nossos, destapados…
A solidão do sentir envolve-nos
A desconfiança mortalha-nos a voz
Fugimos do espectro do remorso…
Viramo-nos…
…Trajamos o verso!

Nos imaginários dias de amor
Trôpegos…
Insanos…
Fomos…
Algodão doce de fulgor.
Amantes irreais…
Somos!

A solidão acompanhada de ti
Dói, dores raras sem fingir
Parti amor, parti…
Desta dor amarga…
Deste sentir…
Fugi do espectro do remorso…
Viramo-nos…
…Trajamos o verso!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Caminho…


Terá chegado o fim do caminho?
A ladeira íngreme será um dead end?
Pergunto-me...
Compreende!
Julgo que sim...
Estou cansado de tudo...
Libertado de nada!

É longa esta estrada
Estreita
Feita em curvas e contra-curvas
Labirinto de linhas perfeitas

E não encontro a rua
E tenho a vista turva
É minha a culpa
De seguir nesta estrada estreita

Estreita...
Feita de curvas e contra-curvas
A estrada é um labirinto
Feito de linhas perfeitas
Só não tenho quem me encaminhe
... Para o caminhar.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Silêncio sentido


Naufrago no mar do teu corpo
e perco-me na geografia
dos trajectos sinuosos
que escondes
entre sombras de afectos

Percorro-te os traços
e perco-me em ti...
na seara do teu ventre
que palpitante...fremente
me chama a descobertas
num sussuro clemente

Morro num beijo teu
e sou silêncio e lágrima
que ressurge no compasso
almofadado do prazer
com que me adornas.

Absorvo-te miríade...
constelação perfeita, cintilante
subtil tiara de diamantes
Com faminto abraço
percorro-te em lento passo
e luz refulgente te tornas!

Nesta quietude intimista
somos um só, inseparáveis,
em preciosos instantes
que a vida prolonga.
E na cumplicidade secreta
o amor acontece outra vez...


E és silêncio e lágrima
és seara doirada colhida
és frágil fraga presa em mim
Quando em ti me fundo, acutilante
libertas húmidas fragrâncias-jasmim
num grito surdo de amante!



Vera Sousa Silva e Octávio Cunha

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Desejo

Algo me afogueou o corpo
Me despertou para o desejo da alma
Que te quer degustar
O sabor frutuoso
Esse licor doce
Que s' entorna nos meus lábios
O desejo de estar...
Fez-me estranhar a ausência
Adormeci num sono breve
Despertei na nudez d' um instante
Em que decidi
Saciar esta sede
No momento
Em que beberemos de nós
Sentir o tempo parar
E absorver dele a magia
Que me cobre o corpo
É alongar-me e ser duas:
Uma na terra
E outra no mar
(Rimar sem pensar
até o meu corpo se embrenhar
em fluidos doces
daqueles que emergem das funduras
e me mostram novos mundos
A desbravar)


Dolores Marques e Octávio da Cunha

quinta-feira, 9 de julho de 2009

É púrpura



É púrpura
Alveza macia duma noite de Verão
É amor
Amo-te, juro-te
Desprovi-me de ilusões e sentimentos falsos
Remeti-me a pensamentos lógicos e concluí...
É amor!
Alveza macia duma noite de Verão

É amor, não é imaginação!
É púrpura
Mel
É doçura amarga de uma doce loucura
É fel e felicidade
É amor e amizade
É sentir tristeza na alegria
É sentir quente a alma vazia

Amo-te pássaro real
de um sonho azul
És fundo dum trecho
de um ideal fixo num mar de anil

És o sentimento agreste
de um final de Verão
És o Amar
O sentir o doce estaziamento
até ao gritar NÃO!
Tem-me!
Possui-me nas noites frias
nos pensamentos insensatos
nas horas de tristeza
Ama-me loucamente
quando a saudade for grande
e sentires medo de me perder...
Ama-me...
quando a tristeza for dor
a e alegria for doce
Ama-me
e nada perderás...
É púrpura
Alveza macia de uma noite de Verão

É sentires prazer
gemeres de dor
gritares de estaziamento
sentires-te cansada
ficares com sono
não dormires semanas
recordar fúrias incontroladas
É amares-me!
Ama-me e serei teu
Até às noites dos dias longos
Até ao fim
Até ao epílogo
desta aventura que começamos a construir ...
É púrpura
Alveza macia de uma noite de Verão
É quente que dura
É a maior sensação
É sentir uma dor
um grito de tristeza
um vazio intenso...
... loucura ...
É perseguir as aves
arribar aos montes
deslocar montanhas e fantasmas
ignorar amigos
É Amor
É amar-te
É ser teu
É possuir-te
É ter-te
É chorar baixinho para não te doer
É ser forte , na hora de ser fraco
É imaginar-te fresca e bela
quando... estiveres longe... distante

É sentir-te quente e próxima
quando estiveres longe... distante
É sentir-te nos meus braços
quando estiveres longe... distante
É amar-te
É amar-te como se ama uma só vez
e uma só vez
É como o Mundo não existisse
e fosse só uma coisa...
... tu!

Como nada mais nada tivesse importância
senão tu
É como se fosses púrpura

É como se fosses a alveza macia de uma noite de Verão!
É a vida não ter sentido...
... se não for contigo.

Lisboa , 24 de Agosto de 1983

(Longo é o tempo, em que do tempo se fazia a esperança)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Um só fulgor de Alma



Um estar intermitente do desalinho
Uma busca permanente da felicidade
Um caminho por encontrar...
Uma estrada de sentido inverso...

Um só fulgor de Alma
Numa escrita em grito surdo
Uma espera em branda calma
Na procura da paz... do Universo.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Índia



Parei no teu olhar de incenso
E perdi-me na tua tez morena.
Largas perfumes índicos, Índia…
Que me inebriam
Quando te penso espraiada
Nas areias douradas de Goa
E a minha alma voa…
No teu olhar…

Olhar o profundo do teu olhar
Pintar o perfil esbelto de ti
Criam-me sem acabar…
Emoções dispersas.
Ânsias de navegar em ti
Sem querer saber se chego…
A porto algum…

Parei no teu rosto perfeito
E vi que o teu olhar profundo…
Mostra o Infinito Supremo do Mundo!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Tenho saudades tuas


Disse…
Senti…
Numa noite que se entronca
No caminho longo de negritude.
E nada mais preciso dizer
Para te lembrar que a saudade surge
Sem assomo de virtude…
São saudades de não te ter!

Não durmo nesta aurora
Penso em nós… sós…
Presos aos lençóis da tua cama
Nus…
Enleados nos nós que tecemos
Salpicados pela espuma do tesão
E vivos perecemos
Nos sargaços da tentação!

Não largues a lágrima…
Estranho-te…
Não te mereço!
Pois antes, mais pareço…
Gaivota que surge fugaz
Ao engodo doce…
Do teu corpo… que me dás!

terça-feira, 30 de junho de 2009

Negação


Se as minhas mãos talhassem o desafio
Do fado agnóstico que cantaste
A madeira funesta do desvario
Seria o alpendre agreste que criaste.

Planalto verdejante caminho
Com freios arreganhados entre dentes
Ideias em constante desalinho
Lúcidas, tenazes, dementes.

Já não sou mais eu que aqui estou
Sou outro ser
Não conheces
Vou por aqui só porque vou
Só porque tem de ser
Não sou o ser que mereces.

Se as minhas mãos talhassem o desafio
Outro mar era navegado
Do fado agnóstico que cantaste
Outro mar seria marejado
A madeira funesta do desvario
Em ondas vermelhas seria
Seria alpendre agreste que criaste
Em cemitério de abrutes jazeria.

Planalto verdejante caminho
Como ideias negras do pensamento
Com freios arreganhados entre dentes
Sementeira de asneira, ténue lamento
Ideias em constante desalinho
Sóis febris de mágoas repartidas
Lúcidas, tenazes, dementes
Palavras tuas, velhas, vencidas.

Já não sou mais eu que aqui estou
Sou espectro da felicidade havida
Sou outro ser
Auréola cinza vencida
(Que)
Não conheces
Não a queiras conhecer!
Vou por aqui só porque vou
Não quero ir para onde me mandas
Só porque tem de ser
Outras demandas… outras demandas
Não sou o ser que mereces
Não quero ser o que queres!
Não quero ser como me queres!
Não vou ser… não quero!