(Imagem retirada da Net)
nasci
num rebento de nenúfares
já
pesava… mergulhei nas águas fétidas
do
lago esconjurado
cresci
dentro de caules apodrecidos
cismei
que era salamandra
não
passava de girino
passaram
crocodilos e outros
peixes
azuis aperaltados
e
eu… afundava-me mais
o
caule crescia sem eu saber
as
escamas escureciam
e
era isso o desenvolvimento
redopiava
em mim, como
cão
procurando o rabo
e
dentava-me até sangue
os
bigodes faziam-me comichão
as
peitorais roçavam algas
putrefeitas,
no rés chão
julgava-me
grande
nadador
intemporal, porco
peixe
bom, futuro filete
olhos
grandes, boca porcina
remela
amarela, fixador
risco
ao lado, brilhantina
e
no lago fétido, nada
e
tudo emaranhado, cuspi
pedras
glaucas, clorofila
e
o tempo, inexorável
passou
em corrida lenta,
olheiras
fixas no sono aberto
e
eu… que me julgava esperto
acometi
uma sável desocupada
em
resposta, uma dentada
as
escamas caíram, lisa
pele
de sardónicos motivos
amarelos
pretos esverdeados
de
salamandra que pensava ser, cai de fuças
no
matagal… era penas o rei nu
do
grande reino animal
leão
de juba amásia, finos debruns doirados
sem
as escamas do sonho imberbe
rei
de ásia, africa e de outros lados…
e
o sono definhou, estou entre outros... bisonho
na
savana onde a hiena uivou
revi
“a vida num sonho”…