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terça-feira, 28 de julho de 2009

Gozo (Dueto com Fatima Abreu)



SENTE MEU GOZO ENTÃO...
A ESCORRER PELA VULVA MOLHADA
NA MAIS PROFUNDA ENTREGA...
DO SABOR
DO MEU MAIS ÍNTIMO, AMOR...
AQUELE AMOR QUE BROTA DAS SENSAÇÕES
QUE LEVAM O CORPO A TREMER
E A BOCA, APENAS A GEMER...
SENTE MEU GOZO AGORA...
MEL PARA TEU CÉU...
O CÉU DA GLANDE ENVOLVIDA
ENTRE AS COXAS DESSA POETISA...

Sinto, sinto a tua tesão…
Vejo-te…
Vejo-te nua, deitada
Em momento de espera…

O rubro fulgor…
Emana do teu ser em flor…
Lava de vulcões
Saem de ti, em turbilhões

Com arte e saber
De em mim fazer
Delirar de prazer…
Lanças-me o véu da tua boca
Balanças a língua no meu falo…
Dás-me vida…
Sem o perceber…

E esperas gulosa
Pelo meu leite morno
Entornado em tua boca
Em espera morosa…
E tu poetisa
De olhos-mel…
Deliras sequiosa...


segunda-feira, 27 de julho de 2009

Depois do ódio


Depois do ódio, ainda resta algo?
Mesmo num olhar sombrio
num relance escorregadio
um entreolhar
distante.
Um relembrar de amante…
Um fogo apagado luzidio
um flash!
Mesmo depois do ódio, algo fica?
A lembrança amante do passado
um clamor calado
dos momentos findos
mas um relance-olhar desviado
ainda que mal disfarçado
leio nele…
que depois do ódio
fica a sensação ainda actual
do tempo passado
das lembranças ainda acesas
como velas infinitas
no imaginário do tempo.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Pesares...

Até o céu se me alia...
Deixo-me ficar...
nos espaços...
de uma existência sem porquê...
As nuvens...
Surgem negras, ameaçadoras,
conciliando-se no meu pesar...
Não!
A dor de sentir...
não me alivia.
Pesam-me as pernas...
não consigo andar.
Faltam-me as forças...
caem-me os braços...
sinto-me vencido!
Até as nuvens...
misturas...
deixam-se trespassar...
por raios luminosos,
que lhes não dizem nada...
... a mim, também não...
Porque é que existe dia,
se não o vejo...
e não me toca?
Porque não é sempre noite...
Se só ela... me consola?...

Lisboa , 28 de Fevereiro de 1980

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Arrependimento

Há palavras que ficam presas ao pensamento.
Ecoam em nós como sinos tocados nas escarpas das montanhas.

Soa-me a arrependimento!
De teres sido injusta e cruel.
Provocadora de sofrimento
Sinto-te envolta em fel…

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Trajamos o verso

Nos imaginários momentos de esculpir
Dispo-te os lamentos lançados.
Impregno-me de luzes a luzir
Os corpos nossos, destapados…
A solidão do sentir envolve-nos
A desconfiança mortalha-nos a voz
Fugimos do espectro do remorso…
Viramo-nos…
…Trajamos o verso!

Nos imaginários dias de amor
Trôpegos…
Insanos…
Fomos…
Algodão doce de fulgor.
Amantes irreais…
Somos!

A solidão acompanhada de ti
Dói, dores raras sem fingir
Parti amor, parti…
Desta dor amarga…
Deste sentir…
Fugi do espectro do remorso…
Viramo-nos…
…Trajamos o verso!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Caminho…


Terá chegado o fim do caminho?
A ladeira íngreme será um dead end?
Pergunto-me...
Compreende!
Julgo que sim...
Estou cansado de tudo...
Libertado de nada!

É longa esta estrada
Estreita
Feita em curvas e contra-curvas
Labirinto de linhas perfeitas

E não encontro a rua
E tenho a vista turva
É minha a culpa
De seguir nesta estrada estreita

Estreita...
Feita de curvas e contra-curvas
A estrada é um labirinto
Feito de linhas perfeitas
Só não tenho quem me encaminhe
... Para o caminhar.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Silêncio sentido


Naufrago no mar do teu corpo
e perco-me na geografia
dos trajectos sinuosos
que escondes
entre sombras de afectos

Percorro-te os traços
e perco-me em ti...
na seara do teu ventre
que palpitante...fremente
me chama a descobertas
num sussuro clemente

Morro num beijo teu
e sou silêncio e lágrima
que ressurge no compasso
almofadado do prazer
com que me adornas.

Absorvo-te miríade...
constelação perfeita, cintilante
subtil tiara de diamantes
Com faminto abraço
percorro-te em lento passo
e luz refulgente te tornas!

Nesta quietude intimista
somos um só, inseparáveis,
em preciosos instantes
que a vida prolonga.
E na cumplicidade secreta
o amor acontece outra vez...


E és silêncio e lágrima
és seara doirada colhida
és frágil fraga presa em mim
Quando em ti me fundo, acutilante
libertas húmidas fragrâncias-jasmim
num grito surdo de amante!



Vera Sousa Silva e Octávio Cunha

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Desejo

Algo me afogueou o corpo
Me despertou para o desejo da alma
Que te quer degustar
O sabor frutuoso
Esse licor doce
Que s' entorna nos meus lábios
O desejo de estar...
Fez-me estranhar a ausência
Adormeci num sono breve
Despertei na nudez d' um instante
Em que decidi
Saciar esta sede
No momento
Em que beberemos de nós
Sentir o tempo parar
E absorver dele a magia
Que me cobre o corpo
É alongar-me e ser duas:
Uma na terra
E outra no mar
(Rimar sem pensar
até o meu corpo se embrenhar
em fluidos doces
daqueles que emergem das funduras
e me mostram novos mundos
A desbravar)


Dolores Marques e Octávio da Cunha

quinta-feira, 9 de julho de 2009

É púrpura



É púrpura
Alveza macia duma noite de Verão
É amor
Amo-te, juro-te
Desprovi-me de ilusões e sentimentos falsos
Remeti-me a pensamentos lógicos e concluí...
É amor!
Alveza macia duma noite de Verão

É amor, não é imaginação!
É púrpura
Mel
É doçura amarga de uma doce loucura
É fel e felicidade
É amor e amizade
É sentir tristeza na alegria
É sentir quente a alma vazia

Amo-te pássaro real
de um sonho azul
És fundo dum trecho
de um ideal fixo num mar de anil

És o sentimento agreste
de um final de Verão
És o Amar
O sentir o doce estaziamento
até ao gritar NÃO!
Tem-me!
Possui-me nas noites frias
nos pensamentos insensatos
nas horas de tristeza
Ama-me loucamente
quando a saudade for grande
e sentires medo de me perder...
Ama-me...
quando a tristeza for dor
a e alegria for doce
Ama-me
e nada perderás...
É púrpura
Alveza macia de uma noite de Verão

É sentires prazer
gemeres de dor
gritares de estaziamento
sentires-te cansada
ficares com sono
não dormires semanas
recordar fúrias incontroladas
É amares-me!
Ama-me e serei teu
Até às noites dos dias longos
Até ao fim
Até ao epílogo
desta aventura que começamos a construir ...
É púrpura
Alveza macia de uma noite de Verão
É quente que dura
É a maior sensação
É sentir uma dor
um grito de tristeza
um vazio intenso...
... loucura ...
É perseguir as aves
arribar aos montes
deslocar montanhas e fantasmas
ignorar amigos
É Amor
É amar-te
É ser teu
É possuir-te
É ter-te
É chorar baixinho para não te doer
É ser forte , na hora de ser fraco
É imaginar-te fresca e bela
quando... estiveres longe... distante

É sentir-te quente e próxima
quando estiveres longe... distante
É sentir-te nos meus braços
quando estiveres longe... distante
É amar-te
É amar-te como se ama uma só vez
e uma só vez
É como o Mundo não existisse
e fosse só uma coisa...
... tu!

Como nada mais nada tivesse importância
senão tu
É como se fosses púrpura

É como se fosses a alveza macia de uma noite de Verão!
É a vida não ter sentido...
... se não for contigo.

Lisboa , 24 de Agosto de 1983

(Longo é o tempo, em que do tempo se fazia a esperança)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Um só fulgor de Alma



Um estar intermitente do desalinho
Uma busca permanente da felicidade
Um caminho por encontrar...
Uma estrada de sentido inverso...

Um só fulgor de Alma
Numa escrita em grito surdo
Uma espera em branda calma
Na procura da paz... do Universo.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Índia



Parei no teu olhar de incenso
E perdi-me na tua tez morena.
Largas perfumes índicos, Índia…
Que me inebriam
Quando te penso espraiada
Nas areias douradas de Goa
E a minha alma voa…
No teu olhar…

Olhar o profundo do teu olhar
Pintar o perfil esbelto de ti
Criam-me sem acabar…
Emoções dispersas.
Ânsias de navegar em ti
Sem querer saber se chego…
A porto algum…

Parei no teu rosto perfeito
E vi que o teu olhar profundo…
Mostra o Infinito Supremo do Mundo!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Tenho saudades tuas


Disse…
Senti…
Numa noite que se entronca
No caminho longo de negritude.
E nada mais preciso dizer
Para te lembrar que a saudade surge
Sem assomo de virtude…
São saudades de não te ter!

Não durmo nesta aurora
Penso em nós… sós…
Presos aos lençóis da tua cama
Nus…
Enleados nos nós que tecemos
Salpicados pela espuma do tesão
E vivos perecemos
Nos sargaços da tentação!

Não largues a lágrima…
Estranho-te…
Não te mereço!
Pois antes, mais pareço…
Gaivota que surge fugaz
Ao engodo doce…
Do teu corpo… que me dás!